segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Viagem

Fui convidada para passar o Natal nas montanhas, não pude ir. Fui intimada a ficar com a família em Santos, achei melhor não ir. Fui desejada em um passeio em Cabo Frio, eu não quis ir.
Em vez de viajar para fora, acabei viajando para dentro. Três dias sozinha em uma casa do avesso, colocando ordem por dentro. Cansei de limpar por onde o padre passa (poderia estar falando da casa - também seria verdadeiro - mas falo de mim), achei melhor revirar, rearranjar e retirar o que estava fechado atrás de portas, dentro de gavetas. Todas essas coisas que é costume enfiar em qualquer lugar e fingir que não existem, tudo isso precisei rever para saber se são ou serão mesmo necessárias.
Eu que fugi de desafios, de pessoas, até de beijo esse ano. Eu que tenho sido uma fugitiva desde sempre, nunca fui capaz de fugir de mim por muito tempo: quando menos espero, acabo sempre embarcando nessa viagem para dentro de mim.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Esperança

Onde procurar a esperança? A minha é preguiçosa, some sem dar aviso, só volta no desespero e eu nunca sei onde devo procurá-la. Mas ela me segura quando acredito que está perdida de uma vez para sempre. Ela brota do vazio, do estéril. A minha esperança é combativa, e eu não me admiro que seja. Precisa de chamas e grita que é preciso reagir, agir. A minha esperança é de quem não tem mais nada a perder.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Diploma

Na gaveta dos documentos, encontro meu diploma em uma pasta separada. Pergaminho, caligrafia, grau colado em 18.08.2008, diploma de 05.09.2008, reconhecido no cartório brasileiro e no consulado alemão. Olho pra ele: lindo e inútil diploma da maior universidade pública do Brasil. Grande coisa. Diploma de trouxa da época em que eu acreditava no futuro e em mim.

domingo, 4 de dezembro de 2016

We'll make it up to you in the year 2000

Não queria ser nada tão diferente de mim, só queria voltar a ser como fui no passado. Minha força, minha coragem, minha certeza... eram tão grandes e eu as perdi em algum lugar. Eu não tinha medo de tentar, de me machucar, de ir ao fim do mundo se fosse preciso, de que durasse um dia ou um segundo! Eu não tinha medo de nada - só de cachorro. Eu queria encontrar toda essa energia e confiança de novo.