28/02/2014

Voltando para casa hoje, começou a chover. Meu primeiro impulso foi pegar o guarda-chuva, depois pensei: "por que tanto medo? Não vou trabalhar ou para aula, posso me secar em casa." Deixei a chuva me molhar. Passava um bloquinho bem pequenininho, adolescentes cantando, dançando e batucando na chuva. Eu me senti igual a eles: feliz por sentir a chuva no corpo e sentir o corpo na chuva. Feliz pelo batuque nos meus ouvidos, pelo batuque do meu coração. Feliz por estar viva.

Ausente

Deixe-me dizer: olhe, eu não estou aqui. Não como você acha que estou. Acha que pode me ver, mas não vê nada porque não estou

aqui.

Reflexão sobre a palavra

Escolhi as palavras como refúgio. Através delas, mundos são criados e sonhos destruídos; se pensadas, podem consertar e concertar; se atiradas, apenas desconcerto. Nascidas do silêncio, trazem alguma harmonia ao caos. Nascidas da vontade de falar, são o próprio caos.

Ouvindo mais do que a canção

Precisamos aprender a ouvir. Ouvir os pássaros, os passos, as pessoas. Precisamos aprender a ouvir o silêncio, nossos sentimentos e emoções. Não é um aprendizado fácil nem confortável, pois estamos acostumados a monólogos, a falar o tempo todo sobre nós e ignorar o outro, que, por sua vez, também está o tempo todo nos ignorando e falando sobre si mesmo. Precisamos ouvir e refletir sobre o que ouvimos para sermos capazes de pensar para falar.

Error

Eu queria pedir socorro, mas acho difícil, não tenho para quem pedir. Tento ser presente, acabo sendo chata. Procuro não ser chata, pareço dramática. Tudo errado, desde a minha percepção até minha reação. Toda errada sempre.

Ἐγὼ φωνὴ βοῶντος ἐν τῇ ἐρήμῳ

O que fez Jesus antes dos 30? Cadeiras e mesas, talvez? Mas o que ele tanto fez que os evangelhos não contam? Ouvi dizer que andou por uns cantos aí, aprendeu coisas, mas ninguém achou digno gastar o koiné com isso.

Conclusão nenhuma, só essa voz no deserto.