domingo, 9 de março de 2014

Dizendo adeus

Já sinto sua falta. Amanhã não ouvirei "bom dia", "boa tarde" nem "boa noite" na sua voz. Gosto especialmente de sua voz. Será que você gosta da minha também? Você nunca disse. Você nunca me ouviu cantar. Nunca leu um texto meu. Mesmo assim, da última vez que nos vimos, eu queria ter ficado mais... eu cheguei e dormi, depois acordei e fui embora. Eu não sabia que era a última vez que nos veríamos. Se eu soubesse, será que teria sido diferente? Teria importância para você?
Doloroso perceber que é preciso tomar decisões radicais para fechar ciclos. Fica aquela sensação do irreparável, como uma espécie de morte.

Apta

Há quem não esteja apto para a vida. Passa por ela sem sonhos,  sem grandes emoções e tenta fugir dela o quanto pode. São tentativas lentas e contínuas de suicídio. Eu, que procuro e pulso de tão viva, nunca poderei entender. Apenas sinto pela vida e pelo vigor que vejo desperdiçados... Não posso reivindicá-los como meus. Aperta meu coração, mas desisti de tentar resgatar o sopro alheio sob a pena de perder o meu. Não, não, não. Tenho muita fome de viver.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Quarta feira de cinzas III

Durma, durma simplesmente enquanto a chuva lava restos de fantasias e leva embora todo o lixo que tantas mãos deixaram para trás.
O sangue de todos os mortos em acidentes são lavados do chão. Toda agressão é esquecida pelos agressores e chorada,  quase sempre em silêncio, pelas vítimas. E há quem tenha se escondido,  medroso como um passarinho,  de tanta violência gratuita.
Apenas feche os olhos e durma. Todo o horror está longe de você agora... fechada em seu quarto, somente o barulhinho bom da chuva pode chegar até você. 

Quarta feira de cinzas II

Então é como se eu não estivesse aqui. Ouço as pessoas falando perto de mim, mas é como se eu estivesse dentro de um sonho. Não estou aqui. Não sei se já estive.

Quarta feira de cinzas

Solidão de carnaval.  Tudo parecia perfeito,  até me sentia querida, mas tudo se destrói com lembranças que não são bem vindas. Então, a queda. E no fundo do poço,  um espelho. É que, no meio de tanta fantasia e máscara,  como parece assustadora a própria imagem! Podemos nos esconder de qualquer um, mas será possível nos escondermos de nós mesmos?