quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Pena

Que a pena tenha mais poder do que a espada, só é verdade para quem escreve para muitos há muito tempo. Mas eu, eu escrevo para poucos ou mesmo para ninguém, pois não tenho nome e nem minha mãe lê essas linhas escritas às pressas, jogadas em um suporte ultrapassado. Escrevo por teimosia e necessidade como gritos que ficam ecoando em uma frequência inaudível para qualquer ser humano. Escrevo porque as palavras germinam e deixo que brotem pelos dedos e,  assim,  elas não incomodam ninguém. Escrevo na esperança de me livrar de palavras incômodas, dessas que martelam dia e noite na cabeça,  antes e depois de serem ditas, antes e depois de serem escritas. Escrevo sendo impotente e medrosa: faltando-me força e coragem para brandir a espada, empunho a pena.