Era março e a neve já tinha derretido, mas ainda fazia frio. Dentro de mim havia sol e, não importa quão rigoroso tivesse sido o inverno, esse sol interno nunca deixou de queimar. Quanto a ele, sei que estava protegido na geada até eu chegar. E eu cheguei. Comigo, a primavera daquele ano e de nossas vidas.
Eu tinha completado 23. Ele, 22 - uma semana e meia antes da minha partida. E, nessa semana em que ele completa 30, ficamos os dois espantados com esse tempo que tem muita muita pressa de passar.
O tempo e sua espantosa relatividade... Tantas lembranças daqueles dois meses, mais outras tantas daquele outro ano, às vezes parecem ter sido um terço da minha vida. Mas foram só dois meses, foi só um ano. Muito mais do que relativo, o tempo é afetivo.