Boa noite, aparência. Os anos de boicote foram uma idiotice, para que apressar o que o tempo já faz tão bem e de graça? Mas eu tinha tanto medo e tanta vontade de ser verdadeiramente percebida que não via outra solução senão sufocá-la. E eu sufocava.
Sufocava com esquisitice, palavrório, descuido, filosofia barata, religiosidade, literatura e história. Tudo em vão porque eu, por mais que me esforçasse, não era enxergada para além do que viam. Seus favores, eu preferia rejeitar e não me lembro como me convenci de que aceitá-los seria indigno. Bobagem!
Agora que, lentamente como os grandes impérios, começa a declinar, sinto-me desamparada: é tudo que eu tenho de unicamente meu. E depois, o que eu faço?
Boa noite, aparência... e, por favor, fique um pouco mais.