
Sempre quis escrever. Quando criança, escrevia pequenas histórias, que não sei como se perderam. Quando adolescente, poesias de rima pobre. Durante anos levei uma história adiante e, um dia, eu a abandonei. Mas eu amava a minha heroína. Ela era o que eu queria ser e não sabia que sempre fui. Ela amava e andava no reino dos mortos e lutava e dançava e aprendia com cada amante. E eu não sabia que sua história era a de Oyá. Eu não sabia que sua história era mais do que minha. Eu quis viver a vida dela e ela, a minha. Então ela cresceu, tomou conta de tudo, quase só existia a vida dela. E foi aí que a matei com uma pequena série de textos. Mas deuses não morrem para vagar somente no reino dos mortos: ela continua amando, dançando, lutando e aprendendo através de mim.