Ora, tantos dias e noites de fuga e ainda não parece tempo suficiente! Os cães continuam farejando tão de perto que ainda é possível sentir seu hálito estranho de café apodrecido. Quem não pode respirar sou eu. Não posso suar. Não posso ter cheiro de medo. E não faço ideia de como ainda consigo fugir e me esconder. Só por ser mulher! Não é possível disfarçar o que há de mais indisfarçável. Não é só forma, é questão de exalar por todos os poros. Como não encontram então? Ou encontram e fingem que não sentiram nada. Vão embora porque não querem caçar.
Talvez a vida se deva somente aos bichos que se compadecem de nossa humanidade.
Eles se foram.
Uma longa caminhada adiante. Até muito além de onde os pés são capazes de aguentar.