domingo, 29 de junho de 2014

Do pouco que se tem

Ora, mas não me peçam que eu me cale! Dispenso o esforço de parecer madura, segura, calma, bem resolvida. De me esticar e silenciar. Não mesmo. Mas de jeito nenhum! Minha voz me preenche toda até quando me calo. Aguda e doce, ela preenche qualquer lugar. Minha voz denuncia, liberta, faz eco. E é tão pouco! Nem toda a minha voz dá conta de tudo que eu tenho para dizer. Aqui dentro borbulha a verborragia. Sou verbalmente ocidental: são as palavras que me divertem, socorrem, defendem, agitam, colocam o mundo todo em movimento. E é tão pouco.





"Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano"
Chico Buarque, Cálice